Sentado no sofá azul descontraidamente, na semi-penumbra osculando o gesto da minha mão que faz deslizar a caneta pela folha de papel, sinto a sua presença. A sua marca inconfundível que acaba por me fazer erguer o olhar como quem ergue a ponta do véu sinuoso do desejo. Aliciante. Aliciando-me. Na sua sabedoria masculina, chama-me em silêncio, com a presença e cheiro a macho-homem, sabendo que não resistirei ao toque dos sentidos.
A sedutora sou eu.
Não resisto. Deixo que os meus pés me levem até ele e me ajoelhe submissamente, sabendo que nos meus lábios entreabertos se desenha um sorriso nada submisso, de cantos erguidos num esgar provocador e língua rosada espreitando como que por uma pequena janela. Quero-te. Soletram os meus olhos. Incansavelmente.
A ponta de um dedo desliza pela coxa máscula enquanto os seus olhos se cravam no meu rosto, onde se desenham sombras que permanecem sem se mexer. O pénis repousado sobre a mesma coxa atrai-me e ele sabe que sim.
Seduzido?
Aguarda o inegável gesto que se seguirá do toque dos dedos que se enrolarão na carne quente. Não o defraudo e rodeio-o com ternura, deixando sentir na palma da mão a doce masculinidade que envolvo em dedos encurvados, ávidos.
Sedutor?
Lateja como um pequeno bichinho que se sente preso numa gaiola de algodão. Que se debate. Mais para sentir o aperto doce e macio que para fugir daquilo que, afinal, anseia. O prazer. Do toque. Da carícia. Da minha boca na pele. Da língua na carne.
No vértice do pensamento atravessa-se o riso gutural que sai do meu profundo sentido e penetra nos lábios dele, fazendo-o suspirar.
Sedutor.
Abro os dedos, fecho e o olhar dele agudiza-se ao ritmo dos movimentos que deslizam no pénis que se estende lânguida e nervosamente, enquanto a humidade toca na minha pele, exalando odores a prazeres infinitos.
Aos quais não me negarei. E ele sabe-o.
Entregar-me-ei então a ele, homem-macho maduro, provocador, inconfundivelmente sedutor.
Seduzida?
Inegavelmente eu amo te seduzir e ser seduzido!
Inegavelmente eu te amo Dete
Judd
Amar...
O amor é inseparável da morte. Sabes que amas porque te esqueceste de que existes; porque morreste para ti mesma, para viveres naqueles que amas. Se eles estiverem bem, então tu estás bem, ainda que estejas mal. Amar é dares-te. É não pensares em ti. É não quereres saber dos teus gostos, do teu bem-estar, do teu descanso, dos teus projectos, do teu futuro, por andares muito ocupada em construir aqueles que te rodeiam. É veres nessa morte para ti mesma o sentido e a plenitude da tua existência. Quanto mais deres de ti, quanto mais te doer o teu amor, mais alegria terás. E mais paz. Porque amas mais.
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Amiga...
Não era para tanto...
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